A ré Jaira Gonçalves de Arruda Oliveira foi condenada por ter matado envenenada a enteada Mirella Poliane Chue de Oliveira, de 10 anos. Os jurados chegaram a conclusão de que ela era culpada do crime na tarde desta sexta (10), após de dois dias julgamento. Para o júri, Jaira agiu por motivo torpe. A juíza Mônica Catarina Perri Siqueira, da 1º Vara Criminal, estipulou uma pena de 26 anos de prisão e oito meses de reclusão e sem chance de recorrer em liberdade.
Última a ser ouvida no julgamento, na noite desta quinta (9), a ré alegou inocência, negou o crime, disse que amava Mirella como filha e rechaçou qualquer interesse à herança de R$ 800 mil da menina. “Eu amo Mirella como amo meus outros filhos. Era como uma filha”, assevera.
Nos primeiro de julgamento, 10 pessoas foram ouvidas entre testemunhas de acusação e defesa, incluindo a própria Jaira. Outros depoentes chaves foram o pai de Mirella, José Mário; a avó materna, a merendeira Claudina Chue. Ambos reafirmaram a culpabilidade da ré na morte da criança.
O segundo dia do julgamento foi marcado pela exposição final da promotora Marcelle Rodrigues da Costa e Faria, que atuou na acusação. O assistente de acusação, o advogado Luciano Augusto Neves, falou em nome da família materna. Já o advogado Mustafan Mistergan fez a defesa de Jaira.
A madrasta responde sozinha pelo crime de homicídio duplamente qualificado (por ter envenando e por motivo fútil). Desde setembro de 2019, ela se encontra presa na Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May, em Cuiabá - MT.
Crime e motivação
Mirella Poliane morreu em junho de 2019. No início, a causa do óbito era desconhecida. A criança tinha dado entrada em um hospital privado já morta. A princípio, houve suspeita de meningite e abuso sexual, mas laudos descartaram as duas possibilidades.
De acordo com a Polícia Civil, Mirella foi morta com doses diárias do veneno, durante dois meses, período em que ela deu entrada em hospitais diversas vezes. Todas as vezes em que a menina era internada, ela se recuperava de três a sete dias. Após a melhora, os médicos liberavam a família para levá-la de volta para casa, onde acabava adoecendo novamente.
Exames toxicológicos conseguiram identificar a presença de duas substâncias no sangue da menina, sendo uma delas o pesticida carbofunaro, que é altamente tóxico, proibido no Brasil e só encontrado no mercado clandestino.
Foi a partir da descoberta do veneno que o caso foi remetido à Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Deddica). Durante as investigações, descobriu-se o plano de envenenamento por conta de uma indenização que Mirella iria receber em decorrência da morte da mãe por erro médico durante o parto em hospital filantrópico.
A indenização é resultado de ação judicial movida pelos avós maternos. Em 2019, após 10 anos, o processo encerrou, com causa ganha à família. O valor de obtido, de R$ 800 mil, incluindo os descontos de honorários advocatícios, teria atraído a atenção da madrasta.
Parte do dinheiro ficaria depositado em uma conta para a menina movimentar somente na idade adulta. Mas a Justiça autorizou que uma pequena parte do dinheiro fosse usada para despesas da criança. A outra parte ficaria em depósito para uso depois da maioridade, aos 24 anos.
Fonte: RDNews